Getting things done
À medida que a minha vida profissional vai evoluindo (discutível, é uma expressão forte, eu sei) vou eu perdendo cada vez mais uma série de características cuja memória de as ter já remonta para aí a uma década atrás, nomeadamente: concentração, organização, memória, foco, etc.. O meu dia a dia agora é conseguir fazer uma balança o mais eficaz e inteligente possível entre o que esperam de mim e o que eu espero de mim mesmo. Não me queixo, dá-me gozo, mas não é fácil. Também se fosse… Já lá vão os dias em que a gestão do meu tempo e das minhas prioridades era feita sem o auxílio de ferramentas, tranquilamente. Hoje não dá mesmo.
O problema é que também ainda não encontrei “a ferramenta ideal” para o meu problema. O OSX foi um grande salto para a minha produtividade pessoal há uns anos atrás mas não chega. Já tentei um pouco de tudo, desde Wikis, Stickies, TODOs, Tickets, Omnifocus, Backpack, um simples Moleskine ou mais recentemente o iGTD. Mas nada parece resultar a médio prazo, ou porque são over-featured, ou não “sincronizam” com a minha vida móvel ou com as outras ferramentas que utilizo, ou porque não oferecem comodidade ou porque não resistem à prova de fogo: a inevitável vontade de ignorar todas as ferramentas e baralhar irreversivelmente a nossa agenda quando estamos mesmo debaixo de água.
Os meus amigos têm-me sugerido uma série de outros produtos ou abordagens ao problema, sendo que a minha favorita (mas não convincente) são os cartões do Pedro. Para command line junkies, também acho esta bem gira.
Na eTech deste ano assisti a uma sessão fabulosa sobre Getting Things Done (aliás, atrevo-me a dizer que para além da surpresa da predominancia dos temas sobre o cérebro humano, a gestão de tempo foi o outro grande tema desta edição). Para quem não sabe o GTD é uma metodologia de gestão de tarefas que está na moda, yada yada vão ler. A sessão foi feita pela Gina Trapani do blog Lifehacker, e que acabou de escrever um livro “Upgrade your life” sobre este tema. A apresentação está online mas vão poder ver que é inútil porque são só imagens de auxílio para aquilo que para mim foi um grande momento de comunicação e que mereceu uma ovação no fim. A Gina tem um post muito interessante sobre a aplicabilidade do GTD para o comum dos morais.
Nesta onda, também vale a pena ler uma série de posts da 43folders sobre o que eles chamaram de “Inbox Zero” (vejam também o video, especialmente a parte de QA). Um dos momentos que retive do video (38:10) e com o qual concordo tanto é que a malta mais geek confunde frequentemente a utilidade da ferramenta em si com a excitação de simplesmente querer experimentar algo de novo. E passam(os) a vida a brincar com software. So true. “One thing about geeks, in my experience, is that they don’t have a lot of what David Allen calls contexts, or a lot of different sets of tools or opportunities. They’re at the computer, that’s pretty much it. And so, for a lot of us GTD can be a just a text file. All I would say is whatever you choose, choose the tool that stops just short of being fun to use. If it’s too fun to use, you’re gonna fiddle (..) keep it to where you kind of don’t love to use it.”.
Neste momento estou a experimentar (cá vou eu outra vez) o Things, que é uma espécie de iGTD mas mais bem feito. Há uma série de vantagens que eventualmente podem resultar para mim: para além dos projectos tem a noção de contextos, tem o next, someday e postponed de que a Gina fala, é muito cómodo e está muito bem integrado com o OSX (o iGTD não está), sincroniza com .Mac e a base de dados é um ficheiro de XML que está documentado e que posso usar para meter numa página web ou no geektool. O screencast também vale a pena ver, o homem sabe do que está a falar. Só tem um defeito, é “fun” que se farta.
E vocês? Como é que resolvem a vossa vida? Cada um é um caso mas estou mesmo interessado em saber como andam a abordar isto.