FTTH, Fiber to the home
Cá vai então.
Antes de mais um disclaimer. Eu trabalho na PT.COM, a empresa do SAPO e que pertence ao grupo Portugal Telecom. Este é um post sobre tecnologia. Quem achar que isto é publicidade, ou quiser fazer deste post um pretexto para desabafar sobre as políticas da banda larga em Portugal, ou desatinar em geral, por favor faça-me já um favor e rume a outras paragens.
Esclareço também que o post anterior não tem assim tanto de enigmático para os mais atentos. Simplesmente entrei nos testes de FTTH (Fiber to the home) que estão a ser feitos pela PT Comunicações na zona da Expo (e em Miraflores também, salvo erro). Este é um tema relativamente público já.
“To the home” e não “To the premises”, atenção. A preciosa da fibra entra-me pela casa dentro e só aterra por trás da televisão na sala no terminal ONT (Optical Network Terminal).
O transporte é feito sobre GPON (Gigabit Passive Optical Network), ou o standard ITU-T G.984 como queiram. Pelo que leio é a norma mais popular (ou mais impingida pelos fabricantes, vá) entre os operadores que já andam por aí a brincar com fibra nos clientes finais. Verizon comes to mind.
O terminal é um simpático (made in China) Huawei Echolife HG810. Aqui termina a fibra e começa Ethernet, que por sua vez se liga a uma gateway de tripla brincadeira 2Wire 270HGV responsável por fazer PPPoE para o ISP e pelo Home networking.
Um dos bónus do piloto é o serviço Meo. Ora como isto é à grande, meti 3 caixas Meo em casa. Uma na sala com HDMI, outra na cozinha e outra num quarto. Duas das caixas estão ligadas por Ethernet directamente ao router 2Wire e a terceira está indirectamente ligada através de um adaptador de cabo coaxial para Ethernet, um Corinex AV200. A minha casa é relativamente nova e nos tubos de PVC do cabo coaxial cabem facilmente dois cabos. Um dos planos para o futuro é meter RJ45 na casa toda.
Em relação ao meu Home Networking há um twist. Eu já tinha um acesso ADSL a 8mbit/s com IP fixo e decidi mantê-lo. Vai daí que desliguei o Wifi do 2wire e liguei-o numa configuração no mínimo estranha ao meu velho amigo Speedtouch 780. Desta forma, num único SSID tenho acesso às duas redes com 802.11b/g. Com esta conversa começo a ter motivos de sobra para justificar queimar dinheiro numa AirPort Extreme só para ter Gigabit ethernet e 802.11n. Viva ao luxo.
O downlink do GPON está neste momento limitado nos 50Mbits/s mas a tecnologia permite débitos muito superiores a estes, haja equipamento terminal e home networking que se aguentem à bronca e que tire proveito disso. O uplink é de 25Mbits/s.
A instalação desta trangalheira toda durou quase uma manhã inteira mas é justo dizer que a parte fulcral (passagem da fibra, soldadura, ligação do equipamento terminal e activação das contas) não demorou do que 1h30m. O piloto também está a testar os procedimentos de instalação e dimensionamento das equipas, e a optimizá-los.
Conclusões do fim de semana.
Bom:
Globalmente o piloto e a solução montada funcionam muito bem. O teste extremo que fiz foi meter as 3 caixas Meo em simultâneo ligadas num canal HD e ao mesmo tempo sacar um Kernel 2.6 do ftp.linux.pt. Impressive shit. As 3 TVs nem pestanejaram e o download esteve próximo dos +-2.5Mbytes/s. Com uma televisão ligada num canal normal tenho downloads de 5Mbytes/s e com o serviço dedicado à Internet consigo chegar aos >7Mbytes/s.
Durante este teste umas das Meo estava ligada ao switch do Speedtouch que colou o CPU nos 100% e se borrou todo, comecei a perder pacotes no Wifi. Claramente o bichinho não estava a contar com estes throughputs. Passei o Meo para o switch do 2wire e ficou tudo OK.
A solução de Ethernet sobre cabo coaxial funciona bem, nunca falhou.
O Meo é um bom produto e tem imensas possibilidades, permita-nos a plataforma avançar com as nossas ideias (hint). Não vou elaborar muito mais, consultem o thread gigante sobre isto no Blog do Nuno.
Menos bom:
O router 2wire é meio, er.., merdoso. Está certo que os meus standards estão altos com o Speedtouch 750 mas a falta de um interface CLI e de controle avançado sobre as tabelas de IP, NAT e routing irrita-me profundamente. Nem consigo meter um alias nas interfaces daquilo. Also, o interface Wifi não funciona bem com o meu Mac e desliguei-o (embora também não dê muito crédito ao Wifi do meu Leopard 10.5.1 que IMHO está completamente partido). A única coisa que aquilo parece ter de bom é a performance bruta para lidar com a largura de banda toda que tem em mãos. Já deu para perceber que aquilo é um FreeBSD embbeded qualquer, a porta de ssh responde com esta assinatura “SSH-2.0-OpenSSH_3.4p1 FreeBSD-20020702″ mas não consegui entrar.
As caixas do Meo são muito grandes para cenários menos comuns. Por exemplo, num quarto tenho uma televisão flat colada à parede, sem móveis. É virtualmente impossível acomodar lá uma caixa daquele tamanho. Urge uma caixa minimalista para a versão sem disco do Meo.
Conclusões
Isto sim, é o futuro. Ainda nem pensei nas aplicações práticas do lado da Internet para este tipo de acessos mas é um salto quantitativo e qualitativo muito grande, não hajam dúvidas.
Aliás, FTTH/GPON é só um dos meios de distribuição de futuro que estão na mesa. Acho que os próximos tempos vão ser giros no que respeito à evolução da Banda Larga no mundo e (depois) em Portugal. Outra conversa que podemos ter num destes posts é o que a White Space Coalition está a tentar fazer nos E.U.A. e o que standards como o 802.22 e outra tecnologias baseadas em “Cognitive Radio” podem fazer por nós.
Pronto e agora continuem-se a roer até aparecerem as ofertas comerciais ou terem a mesma sorte que eu.