O que mais me irrita
Há muitas coisas que me irritam. Agora que sou Pai e que tenho muito menos tempo para humm desperdícios de tempo, tornei-me mais objectivo e menos tolerante, ou numa palavra só, tornei-me um chato. Poderia falar de irritações banais, daquelas que temos na ponta da língua, do fumo nos locais públicos e da não lei do tabaco que o governo (não) aprovou, ou do barulho dos sacos de plástico dos supermercados, ou da falta de senso de humor das pessoas, etc, etc., mas não.
Reflectindo, o que realmente mais me irrita neste momento da minha vida em que o silêncio é ouro e em que sou indirectamente obrigado a ver horas e horas de canal Panda e outros que tal, é o que as televisões fazem nos intervalos dos programas: subir significativamente o volume de som da transmissão, sem modos nem pezinhos de lã. Começam os anúncios e lá vem o basqueiro.
Isto é pior do que os tempos da idade média da Internet, dos popups e dos anúncios com som, da ausência de opt-in ou opt-out, dos banners que ocupavam 3/4 das páginas e dos skyscrappers (a minha designação de formato de banner favorita, de longe). Está um gajo a tentam adormecer a bebé, ou a jantar sossegado com a família e lá vem o furacão. “Epá!!! Fomos atingidos por um intervalo na televisão!! Desliga, desliga!”. Muito mau.
Curiosamente não se fala muito nisto. É daquelas coisas que comentamos com os amigos, concordamos que não é normal, mas ficamos sempre na dúvida se o problema não será nosso. Porque será? Estive a pesquisar e encontrei alguns artigos que provam que eu não me tornei hipersensível ao som (DN, msnbc, out-law). Não eu não estou maluco. As televisões (e começo a questionar se as rádios também não estarão tentadas) fazem isto intencionalmente e sem vergonha nenhuma, e generalizou-se. E é admirável como é que, quando questionadas, as televisões têm a lata de mandar a bola para canto com um insultuoso “asseguramos que a estação cumpre as recomendações internacionais da EBU (European Broadcasting Union)”.
Os reguladores deviam olhar para estes abusos com olhos de ver, ou melhor, com ouvidos de ouvir. E seria interessante que uma publicação qualquer tivesse a coragem de expor isto a uma escala que ecoasse com potência na sociedade consumidora de televisão (da qual me quero divorciar o mais rapidamente possível, diga-se). Por razões óbvias não espero que uma televisão o faça, mas um Sol ou um Expresso, ou um Público, e que tal ?